ATIVIDADES DO EIXO 3 - MEIO AMBIENTE E SAÚDE

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segunda-feira, 30 de março de 2009

O impacto da mudança climática na infância


Revista do Meio Ambiente - Nº 21 - Março/2009
Por: Efraim Neto*


Como podemos construir uma sociedade melhor se não cuidamos das bases sociais desta construção?
Quais as possíveis conseqüências das mudanças climáticas, dos bolsões de calor e do aumento de temperatura, na fase da vida em que se está mais vulnerável, a infância? e acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente quatro milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morrem todos os anos por desequilíbrios ou acidentes ambientais. As causas são as mais diversas, como a poluição do ar e da água, exposição a substâncias químicas, furacões e enchentes, que acarretam envenenamentos, diarréia, cólera e malária, infecções respiratórias e
outras doenças, que atingem especificamente as regiões menos desenvolvidas do globo.
Alguns estudos mostram, por exemplo, que as alterações no ambiente provocadas pelo aquecimento global contribuem para a expansão de doenças transmitidas por vetores – como a malária, que mata atualmente 800 mil crianças por ano, segundo o relatório Nosso clima, nossas crianças, nossa responsabilidade (Our climate, our children, our responsability, Unicef, 2008).
Os efeitos imediatos dos desastres naturais, como desalojamento e migrações, também já afetam as crianças no presente.
Estima-se que esses fenômenos atinjam 250 milhões de pessoas por ano, uma média que apenas deve crescer. As Nações Unidas prevêem que, em 2010, haverá cerca de 50 milhões de “desabrigados ambientais”, formados em sua maioria por mulheres e crianças. Segundo relatório publicado em 2007 pela ONG Save the Children UK, intitulado “Um futuro de catástrofes?- O impacto da mudança climática na infância”, das aproximadamente 350 milhões de pessoas que serão afetadas por desastres naturais anualmente durante a próxima década, 175 milhões serão crianças.
Necessidades Básicas: A grande conseqüência, não só da falta de informação, mas também de uma incompetência exagerada sobre os fatos referentes ao desenvolvimento social e econômico, são 10 milhões de mortes infantis, menores de 5 anos, por ano. A busca exacerbada por um desenvolvimento cego, sempre provoca conseqüência irreversíveis à natureza de uma criança; por conseqüência, ao ecossistema e, também, a uma cultura.
Em 2000, a Organização Mundial da Saúde (OMS), apontou que as mudanças climáticas foram responsáveis por 2,4% dos casos de diarréia, e por 6% de paludismo (malária). A malária é uma das doenças mais freqüente nas crianças africanas. Ainda podemos aqui apontar duas outras temáticas que abocanham a saúde de nossas crianças: a poluição do ar e da terra, em especial, problemas relacionados à chuva, seja por sua abundância ou por sua falta.
Uma perspectiva assinalada pela Unicef aponta que, caso ações não sejam tomadas, em 2020 poderemos ter cerca de 75 milhões de pessoas, na África, sem acesso a água. A baixa capacidade de adaptação pode vir a fazer com que famílias sejam expulsas de suas casas, criando um entorno propício para delinqüência e para o tráfico de pessoas. Uma família faminta não educa as crianças. Será até natural a venda de crianças, o seu tráfico e a sua exploração, como já ocorre no Camboja.
Responsabilidades: As mudanças climáticas deixaram de ser uma questão somente ambiental. Passou a ser um problema que requer a composição de uma experiência coletiva em questões como o desenvolvimento sustentável, desenvolvimento socioeconômico, segurança energética e bem-estar, em especial da infância. Carecemos de um cenário que aponte para as necessidades políticas das crianças. É nossa responsabilidade, projetar e constituir programas eficazes de conscientização nas escolas, bairros e comunidades. Constituir ações que fomentem a manutenção de uma cultura da preservação e aumente a autonomia das crianças. Um clima frágil, pouca comida e a falta de água potável impulsionam a ocupação inadequada do solo. As crianças mais pobres são as mais vulneráveis. Também são as primeiras a sentir o aumenta da má alimentação e, conseqüentemente, as suas desordens, o que prejudica no seu crescimento e desenvolvimento, inviabilizando a sua saúde. Segundo a OMS, 4,5 mil crianças morrem por dia devido a alguma doença de via hídrica.
A crescente contaminação, a exploração excessiva das fontes hídricas e a degradação nas zonas de captação de água, agravam a situação. Se espera que o falecimento por asma, a enfermidade mais comum entre Para conhecer o “risco-criança”, veja essa reportagem do site da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI).
Conseqüências: De certa maneira mil e uma conseqüências ser relacionam à falta de segurança ambiental e às crianças. Destacam-se: a suscetibilidade a efeitos físicos (fome, doenças, enchentes, focos de calor). A vulnerabilidade: sensibilidade de alguns países, na parte física, econômica, social e do sistema político. Além da questão da agricultura e do trabalho escravo e infantil.
É interessante sinalizar que 96% das doenças relacionadas às mudanças climáticas, estão em países em desenvolvimento. Articular ações para combater as conseqüências ambientais às crianças exige perspectivas que abracem o combate ao aumento do número de mortes por doenças infectocontagiosas; estimular a construção de sistema que vise a segurança em caso de injurias devido ao aquecimento global, enchentes, queimadas e fortes secas.
Ainda é importante sinalizar que as crianças podem pagar um preço alto ao conviver com o aumento de diarréias, aumento e proliferação da dengue e de doenças de via hídrica. As conseqüências ambientais apontam principalmente para os atentados à saúde, infelizmente.
19% - Infecções respiratórias
Até 5 anos: 17% - Diarréia
8% - Malária
Cerca de 5 mil crianças por dia morrem devido a falta de saneamento e à poluição das águas. De 300 milhões acometidas com a malária, 1 milhão morrem. E aproximadamente 50 mil morrem todos os anos devido à dengue. Poderemos ter até 2080 uma população de 3,5 bilhões em áreas de risco. Atualmente 1,1 bilhão possui acesso inadequado à água e 2,6 bilhões sem saneamento básico.
Esperança: Para a mudança deste cenário assombroso é necessário que façamos um investimento pesado em educação e formação de pessoas. Conhecer e difundir os direitos das crianças. Conheça aqui os Direitos das Crianças em relação às Mudanças Climáticas.
A disponibilidade de séricos modernos de energia melhora o acesso das crianças à educação e contribui para a permanência nas escolas. É vital que se promova a capacidade destes jovens para vivam em harmonia com a natureza nos lugares onde a sua conservação e preservação seja fundamental.
É mais do que fundamental que as crianças se sintam incluídas no processo de construção de um mundo melhor. Na plantação e colheita de sua árvore dos sonhos. E não basta que a criança aprenda a importância de preservar o meio ambiente. É necessário que ela tome como exemplo as atitudes dos adultos de seu convívio. Não precisamos esperar pelo pior para que as crianças aprendam na vivência o que há de mais importante neste mundo. A esperança continua sendo a última que morre.

* Efraim Neto é jornalista e moderador da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.

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